São Paulo, 27 de julho de 2009.

M,

Eu precisei de 800km para conseguir respirar, e eu bem sabia que esse tempo ia acabar logo. Sabia que uma hora o ar ia faltar de novo, mas fazia de conta que não tava acontecendo nada e seguia vivendo.
Esse tempo passou e eu continuei fingindo conseguir respirar. Quando não agüentei mais fiz tudo de novo, fugi. Quando entrei no avião, sentada atrás da minha cadeira estava uma amiga tua sorrindo pra mim e quando eu cheguei em Sampa, o atendente do café do aeroporto tinha teu nome, o garçom da hora do brunch também.
Chegava no hotel e tinham teus emails engraçadinhos na minha caixa de entrada, eu apagava e fazia de conta que nem tinha visto. Na 25 de março passa um careca alto com casaco de jiu-jitsu. Acabei a 3104km, com você me seguindo.
Isso tudo como se eu precisasse de alguma coisa pra me lembrar de você, como se eu não desejasse, todas as vezes que eu vi um casal no metrô, que aqueles dois fossem nós dois. É, como se eu precisasse de desculpa pra lembrar de tu.

R.